segunda-feira, dezembro 18, 2006

Lembranças de domingo.


Burburinho de gente em domingos ensolarados. Mesas nas calçadas dificultando o tráfego de pessoas. Muitas barracas de artesanato. Barreira urbana que dificulta a chegada no parque. Situação irritante.
Logo na entrada as árvores garantiam sombra em meio ao vai-vem das pessoas.

Um play-ground me aproxima das brincadeiras infantis : risadas, brinquedos na terra, corre-corre. Coisa boa com cheiro de inocência e lembranças.

Passeio entre as pessoas, num ritmo dominical. Sento num banco e fico observando. Conversas alegres, namorados, gente também me observando e muita tranquilidade...

Caso não fosse minha insensata mania de viver nesse caos, adaptaria-me no mato. Árvores altas, que se entrelaçam impedindo que o Sol penetre seria meu café da manhã, olhando de uma janela de madeira.

Meus pais tinham um sítio no sul de Minas Gerais e nas férias ia para lá. Passava o mês todo. Numa dessas viagens permanecemos : eu, um primo e minha irmã. Levantávamos cedinho para buscar leite num sítio vizinho. Íamos com um galão vazio pela estrada de terra, conversando e rindo. O dia transcorria tranquilo com direito a banho de rio e caminhadas. No final das tardes fazíamos um ritual. O das mariposas. Não havia energia elétrica e como sempre nos esquecíamos de colocar as telas nas janelas, elas entravam na casa. Para nos desfazer desses bichos que insistiam em voar em torno da gente, pegávamos o martelo e depois de um mantra as acertávamos nas paredes...Não sobrava uma.

Certa madrugada, em breu total, ouvímos um barulho lá fora e entramos em pânico. Os lampiões já estavam desligados e não achávamos as lanternas.
Encontramos, não sei como, uma vela que mais nos queimou que iluminou em volta. Ficamos, do quarto, imitando vozes grossas para ver se espantávamos o invasor. Provavelmente era um bicho que desconhecia o português... Passamos o resto da noite conversando para disfarçar o medo até adormecermos, já de manhã.

Lembranças boas e com elas voltei ao banco do parque nesse domingo e quando me dei pela hora estava alí há mais de uma...Levantei e fui embora sem nem me importar com as pessoas esbarrando em mim na calçada cheia, da avenida Paulista.

Um comentário:

alexkoti disse...

Que lindo! Por um momento pensei que você ia falar sobre aquela borboleta que pegou "carona" em você!

Beijooooo!!!!