sexta-feira, setembro 05, 2008

Entre vadias, pipadas e escravidão...


"Sinto-me uma vadia nas mãos da pedra, ela tira minha liberdade. Mas é, ela só me fode, e eu ao invés de fechar as pernas, não, abro ainda mais e peço para ela me foder..É uma relação de prazer e escravidão".

Há uns meses, conversando no msn, depois de ler essas frases fiquei pensando em qual é o parâmetro para a liberdade. Aqui não vai qualquer julgamento moral, seja pelo uso da droga ou pela concepção de mulher nas entrelinhas do texto...

Minha divagação alçou outro vôo.

Somos livres porque fazemos escolhas? A liberdade não é forjada no processo dialético dado entre as condições objetivas e o inconsciente?

Nesse sentido, há liberdade? Então a liberdade está condicionada ao outro, à convivência social? É lícito satisfazer individualmente um impulso, independente das consequências?

Sou vadia quando satisfaço uma necessidade, mesmo que criada nos bastidores da indústria clandestina, cujos lucros atingem alguns de diferentes camadas sociais, que sustentam e se sustentam em candidaturas democraticamente constituídas?

Ser vadia é satisfazer meu gozo em plenitude? Sou livre nesse momento? Devo permitir que meu êxtase seja confundido com subalternização? Há escravidão livremente consentida???

Óbvio que entendi a analogia, considerei-a bonita, inclusive. Entretanto, não há liberdade, mas autonomia. Somos capazes de considerar as situações e fatores e decidir o caminho da ação. Há responsabilidade sobre as opções tomadas e o que elas ocasionam nas outras pessoas...

As primeiras "pipadas" são opcionais. Minhas pernas abrem e fecham de acordo com minhas escolhas e as vadias não existem, exceto em mentes preconceituosas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não viaja, Ci. A liberdade é simplesmente podermos fazer aquilo que queremos naquele momento. Se existe o outro ou a convivência social, o que desejamos naquele momento fala mais alto que isso. Não é verdade? Mesmo que nossa liberdade seja indiretamente dirigida, estamos satisfazendo nossa vontade. Agora, as escolhas que fazemos só faz acharem que somos vadias (ou vadios) as pessoas que estão do lado de fora de nós mesmo, como você disse, o preconceito. E os preconceituosos não tem a nossa liberdade e nem fazem as nossas escolhas. Então os preconceituosos que se danem.