quarta-feira, maio 09, 2007

Vazio...


A noite estava fria, assim como tinha sido todo o dia. Ela procurou algo para se agasalhar e, quem sabe dessa forma amenizar sua sensação de vazio.

Decidiu fazer um chá. Enquanto repetia os gestos mecânicos de preparar a bebida, lembrava das ações cotidianas de solidariedade. Sabia das pessoas queridas a envolverem em carinho. No entanto, isso era insuficiente.

Sentia o peso da reação das pessoas ao perceberem sua tristeza e solidão e de quanto havia sido referência a elas. No último mês ouvira muito isso. As frases objetivavam consolá-la, mas subentendiam que recuperaria sua antiga forma de ser, afinal sempre fora tão forte, tão decidida, tão...

Jamais seria o que fora. Começava a aprender a ver-se nesse amálgama que construíra na sobrevivência cotidiana. Seria qualquer outra coisa, exceto a carapaça institucional das palavras solidárias.

Enquanto aquecia suas mãos, na caneca de chá quente, tentava vislumbrar sua síntese.

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