sexta-feira, novembro 03, 2006

Confiar


Estava quente, a chuva incessante havia deixado o dia abafado. São Paulo estava insuportável. O concreto reteve o calor e os prédios dificultavam a circulação do ar. Fim de tarde comum num quase verão oficial.

Molhei o rosto e deixei-o secar sozinho para ver se essa coisa toda melhorava. Voltei à janela, onde havia permanecido grande parte da tarde, e agora olhava as luzes que iam aparecendo. Daqui alguns dias as de Natal se farão presentes, brilhando em formatos de estrelas, renas, árvores, papais noéis e mais um ano terá acabado.

No entanto, não consigo entender o que faz as pessoas agirem dessa forma. Não temos renas, por aqui não neva e vestir-se de papai noel deve ser algo cruel nesse calor tropical. Só a estrela permanecerá novamente em Brasília, cavalgando a eterna confiança da miséria brasileira. Mas enfim, quem concorda com os símbolos dessa civilização ocidental capitalista judaico-cristã que aguente a parafernália. Eu prefiro passar ao largo disso tudo. Exceto por um aspecto... Assumo que adoro uma brincadeira que faço com meu caçula. Competimos na contagem das luzinhas de Natal. Ficamos os dois na janela vendo quem encontra mais delas...Nossas risadas são fartas e por mais que eu me esforce ele sempre ganha...

Ainda na janela, olhando as luzes paulistanas acendendo, pensando nessas coisas, lembrei como o ano de 2006 foi conturbado. Mas, em meio a essas dificuldades algumas coisas boas aconteceram. Uma delas foi o fato de ter reencontrado o homem que amo e de como tenho aprendido com ele : a abrir-me e a confiar de novo em um homem. Pensando nisso sorrio tranquila permitindo-me novamente ser feliz.

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